Um livro tem causado muita polêmica pelo mundo afora.
Trata-se de “Capital Erótico – Pessoas atraentes são mais bem-sucedidas. A ciência garante” (Best Business, 336 pgs. R$49,90), de Catherine Hakim, professora de Sociologia na London School of Economics.
A revista “Vida Simples”, edição deste mês, traz uma matéria sobre a obra.
A autora acredita firmemente que pessoas afirma pessoas bonitas, carismáticas, elegantes, sedutoras e com sex appeal levam vantagem sobre as demais, em todas as esferas da vida, incluindo a profissional.
Segundo a professora inglesa, as mulheres, especialmente, deveriam tirar partido mais abertamente desse patrimônio, que é tão importante quanto as outras formas clássicas de capital analisadas pelo sociólogo Pierre Bordieu – o capital econômico (o que temos), o capital humano ou cultural (o que conhecemos, nossa cultura e educação etc) e o capital social (quem conhecemos, a nossa rede de contatos, que pode ser tão importante quanto um diploma).
A teoria de Catherine Hakim é controversa porque mexe com conceitos, digamos, subjetivos, já que beleza, atração, charme, carisma etc, podem mudar conforme o observador e a pessoa observada. Sem falar que as teses da autora contraria, e até pode estimular, o fim da meritocracia ao defender que homens e mulheres podem conquistar poder e prestígio profissionais a partir do uso da sexualidade, ainda que isso seja muito comum em várias organizações públicas e privadas.
Polêmico para uns, e realista e preconceituoso para outros, o fato é que o livro de Catherine Hakim coloca pimenta num debate que envolve tradição, tabu, convenções e aspectos culturais que a nossa sociedade, hipócrita como de costume, sempre tenta fazer de conta que não existem.
“Os homens sempre tiveram de pagar por sexo – em dinheiro, casamento, respeito, comprometimento duradouro ou disposição para ajudar a criar os filhos. No passado, eles aceitavam que tinham de pagar o preço. Atualmente, a revolução sexual na liberdade em relação à sexualidade leva muitos homens jovens a presumir que deveriam ganhar total satisfação sexual, livre de cobranças, o tempo todo, e que as mulheres que dizem ‘não’ estão apenas sendo perversas. O mito feminista da igualdade de interesse sexual aumentou o ressentimento e a raiva contra as mulheres que recusam fazer sexo, aparentemente de maneira injusta e maligna. A troca diária de favores sexuais por dinheiro e outros benefícios semelhantes é ofuscada pelos mitos feministas radicais de igualdade em tudo.”
“A economia sexual ou, como eu a chamo, a ‘sexonomia’, reconhece que a sexualidade é um recurso essencialmente feminino devido ao déficit sexual masculino. O fato de que as mulheres geralmente têm maior capital erótico do que os homens aumenta ainda mais o valor da sexualidade feminina. Os encontros sexuais são normalmente decididos pelas mulheres e são sempre uma troca: oshomens dão a elas presentes materiais, respeito e consideração, comprometimento com um relacionamento, entretenimento ou outros serviços em trocade acesso sexual. O princípio do menor interesse geralmente concede às mulheres a vantagem na barganha sexual.”
“Uma jovem atraente,com o estilo, a roupa e as maneiras ideais pode escolher parceiros com capital econômico, cultural ou social muito mais alto em termos de paridade cambial. O exemplo óbvio é o caso entre uma estudante bonita, inteligente e sem dinheiro com um homem mais velho, rico e bem-sucedido, normalmente casado, que tem boa aparência, mas não é fisicamente atraente – ou a ‘esposa-troféu’ e o ‘padrinho’ da América do Norte e da Europa.Existem muitos outros exemplos e equivalentepelo mundo – o ‘velhoque ajuda’ e os ‘programas’ do Brasil, o ’jineterismo’ de Cuba, as amantes-estudantes do ‘sem renda, sem romance’da Nigéria, a convenção ‘sem diheiro, nada feito’ dos encontros sexuais em Jacarta e as caríssimas namoradas dos turistas estrangeiros no Vietnã.”
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